«Hoje ninguém controla o algoritmo. Temos de propor a solução», afirma Paolo Benanti

Especialista em Inteligência Artificial esteve em Lisboa a analisar o tema «Artificial Intelligence and Ethics»

O padre Paolo Benanti disse ontem que é fundamental “regulamentar e controlar o desenvolvimento e utilização da Inteligência artificial” sob pena de, mais tarde, se tentar “remediar o irremediável”.

“Com o tabaco cometemos um erro. Era livre para todos. Agora estamos a colocar a informação de que nos mata nos maços de tabaco. Era essencial ter agido antes. Hoje temos a mesma situação com a Inteligência Artificial”, concretizou.

Na conferência «Artificial Intelligence and Ethics» (Inteligência Artificial e a Ética), que o trouxe a Lisboa a convite da Católica Doctoral School, o sacerdote afirmou que “não basta apelar à transparência dos processos”, e considerou ser urgente “uma regulamentação” de modo a que esta não se constitua como um risco para a própria democracia.

“A transparência não é tudo. Hoje ninguém controla o algoritmo, temos de pensar nisto e a Universidade tem de propor a solução. A missão é a de criar a génese das ferramentas da IA para a sociedade. Há um grande dever, da Universidade, não só na parte da literacia, mas também na solução”, desenvolveu.

Sacerdote franciscano, um dos pensadores do momento na área da ética e da Inteligência Artificial (IA), conselheiro do Papa Francisco e autor de inúmeras obras que apresentam reflexões sobre o impacto da Era Digital, biotecnologia, neurociência e neurotecnologia, Paolo Benanti começou por fazer um resumo sobre a história da evolução da tecnologia e da cibernética e deixou perguntas da área da ética sobre o desenvolvimento da IA.

“Só com uma abordagem ética da Inteligência Artificial é que é possível, de alguma forma, tornar a Inteligência Artificial e respetivo algoritmo comparável à democracia”, explicou.

Na ocasião o sacerdote deu “os parabéns Universidade Católica Portuguesa” por ter tido a coragem e ousadia de criar o doutoramento «Desenvolvimento Humano Integral».

“Misturaram o que há dentro da caixa e dão ao mundo um novo conhecimento. Viram o problema, ainda não têm a solução, mas estão a tentar fazer alguma coisa”, completou.

Ainda recentemente o Papa Francisco levou o tema à reunião dos 7 países mais industrializados do Mundo e apelou a uma “reflexão à altura da situação” na consciência de que a IA “é um instrumento” e que “os benefícios ou danos que trará dependerão do modo como é utilizada”.

“Diante dos prodígios das máquinas, que parecem saber escolher de forma independente”, a humanidade deve ter “bem claro que a decisão deve ser sempre deixada ao ser humano” e que caberá “à política criar as condições para que essa boa utilização seja possível e frutuosa”, disse na ocasião.

Imagem de Igor Omilaev na Unsplash

Educris|19.06.2024



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