«É urgente que as escolas voltem a formar humanistas», defende George Weigel

Analista criticou a “cultura de cancelamento” em vigor e o “demasiado ruído sobre os desafios externos ao Ocidente”. Na sua intervenção, em Lisboa, apelou à recuperação da tríade “Roma, Atenas e Jerusalém” para resolver “a crise interna do ocidente”

George Weigel defendeu ontem a necessidade de as escolas católicas serem “lugares de liberdade” onde “os alunos podem aprender diferentes argumentos e visões sobre o mundo”, a partir dos contributos decisivos do que apelidou a “tríade fundacional da ideia de civilização ocidental”, e que reúne o “património de Roma, Atenas e Jerusalém”.

“Temos que promover o autêntico debate de ideias, como primeira missão na educação dos estudantes nesta tríade! Devemos reconhecer, como Newman nos indicou, de que não há verdadeira educação sem teologia, sem literatura bíblica e sem aprofundarmos acerca do modo como a tradição da igreja tem impacto na sociedade. Uma educação humanista, necessariamente livre”, advogou.

Na conferência que proferiu no Colégio Planalto, em Lisboa, subordinada ao tema «O papel das Escolas Católicas num mundo sem Deus», o autor de ‘o Cubo e a Catedral’, ‘The Final Revolution’ ou ‘The Courage To Be Catholic’, apresentou o contributo de cada um “dos pés desta autêntica cadeira onde nos sentamos hoje”, pois “nenhum dos desafios será vencido sem o ocidente redescobrir o seu nervo, sem tomar consciência da sua crise interna “.

“De Atenas herdámos a ideia de que existem verdades construídas em nós e no mundo! não vivemos num mundo em que a verdade depende da circunstancia ou do que acredito. De Roma somos herdeiros da lei e da justiça. O Cristianismo trouxe consigo a liberdade em vários domínios da experiência humana e uma nova visão do Ser Humano e do ser lugar no cosmos”, aprofundou.

“A interação destas três correntes, ao longo de séculos, produziu uma civilização única! Temos que nos recordar destes ganhos porque existem hoje demasiadas lendas acerca dos efeitos nefastos das religiões bíblicas”, lamentou.

Para o pensador americano as escolas católicas devem fugir da “tentação de voltar-se para dentro criando autênticos bunkers seguros do mundo exterior”.

“A tentação, perante a desorientação generalizada, pode ser a da ‘fuga mundi’, tal como São Bento preconizou. Não me parece uma boa ideia.  O mundo está ‘louco’ e não vai abrandar, recuar, ou deixar-nos sossegados”, preconizou.

George Weigel considerou fundamental ajudar a “clarificar a ambiguidade em que se vive” e sustentou que tal passa “pela capacidade de questionar, criticar e apresentar visões distintas para um mesmo problema”, abalando a “cultura do cancelamento” vigente.

Às centenas de alunos e educadores católicos presentes, o analista pediu a capacidade de “ser testemunhas de um modo de vida nobre”, pois “as pessoas não se convertem pelos argumentos, mas pelo testemunho de vida”, completou.

No final do dia de hoje, pelas 19h30, George Weigel vai estar na Igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa, numa iniciativa que conta com a participação de Henrique Leitão e do padre João Vergamota.

 Educris|17.05.2023



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