«A EMRC é um espaço de diálogo, de encontro e acolhimento», afirma D. António Augusto Azevedo
Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé esteve hoje no Dicastério para a Cultura e Educação, organismo da Santa Sé presidido por D. José Tolentino de Mendonça
D. António Augusto Azevedo mostrou-se hoje satisfeito pelo caminho percorrido pela Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) quer na renovação de manuais quer no acolhimento e diálogo com a diferença numa disciplina que existe “como espaço de diálogo, de encontro, sobretudo de transversalidade de conhecimentos, de transmissão de conhecimentos e que tem tido um desenvolvimento muito interessante”.
“Começam a chegar cada vez mais jovens, alunos, estudantes de outras proveniências, imigrantes, também de outras tradições religiosas. A Educação Moral e Religiosa Católica começa a ser na escola também pública um espaço de diálogo, de encontro e de acolhimento. E esse é um aspeto importantíssimo. São muitos, mas o trabalho que está a ser feito parece-me muito positivo, afirmou à Agência Ecclesia.
No final da reunião, que manteve esta manhã no organismo da Santa Sé responsável pela Educação, o Bispo de Vila Real considerou que os cerca de “250 mil jovens” que frequentam a disciplina, como referência para a CEECDF, são “um número bastante interessante” e “significativo” e que esta está “numa fase de renovação muito interessante”.
“Renovação não só de programas, mas sobretudo de materiais, mesmo digitais, e tem havido uma boa recetividade da parte dos alunos, além do esforço naturalmente de formação dos professores”, destacou.
Diálogo com o Estado para encontrar soluções para as Escolas Católicas
Num momento em que o ensino enfrenta diversos desafios em Portugal, o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, confia que é possível o diálogo com o Estado para se encontrarem as melhores soluções para as escolas católicas.
“Um dos aspetos dessa renovação será exatamente um diálogo também com o Estado, para que se chegue a uma plataforma estável e justa, para que estes projetos educativos não andem um bocadinho ao sabor dos caprichos ou dos calendários, digamos assim, eleitorais”.
Para D. António Augusto Azevedo é fundamental encetar um diálogo mediado pela Associação Portuguesa das Escolas Católicas, para “buscar as melhores soluções para o país”.
“Queremos que com o Estado se estabeleçam critérios profundos, sérios, estáveis, para que as escolas cumpram bem a sua missão”, afirmou.
Defendendo que “a escola católica presta um serviço muito importante à sociedade portuguesa, às famílias que aí colocam os seus filhos”, o responsável considerou ser este “um tempo de encarar o futuro” para dar sustentabilidade aos projetos educativos.
“A educação está a enfrentar desafios muito importantes, muito difíceis, por um lado, mas também muito estimulantes. A escola católica está à altura, como já demonstrou no passado, a Igreja está no ensino há muitos séculos e tem sabido responder com propostas novas a cada tempo. Estamos num momento desses, de responder à altura destes tempos”, sustentou.
A Igreja deve encontrar novas formas de acompanhar o campo escolar
À Rádio Renascença o cardeal D. Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação afirmou que os professores em Portugal foram deixados sozinhos.
“O seu papel social tão decisivo não é reconhecido como devia. A profissão de professor, que verdadeiramente é uma vocação e uma missão, deve ser mais acarinhada e todas as condições necessárias devem ser cuidadas para que esse contributo muito grande na formação dos jovens possa acontecer de modo sereno nas nossas escolas e na nossa sociedade”.
No final do encontro com os bispos portugueses, o prelado deu boa conta do esforço de tradução digital dos conteúdos e reafirmou a convicção de que “a Igreja é chamada a reinvestir num esforço grande de adequação aos novos tempos”.
“Noutras partes do mundo, e em Portugal também, valoriza-se muito a realidade do acompanhamento pós-escolar: criar centros de estudo onde os jovens se possam encontrar para estudar juntos. A Igreja tem vontade de investir aí, abrindo estruturas e sabendo que é muito importante que os jovens não se sintam sós”, disse.
Já D. António Augusto Azevedo considerou que também a “escola católica deve dar um bom exemplo” no reconhecimento do trabalho dos professores.
“Terá de se encontrar plataformas justas, equilibradas, sem dúvida, reconhecendo, de facto, que a escola existe por causa dos alunos, mas o papel do professor e o estatuto do professor, que nestes anos recentes não tem sido muito bem tratado, é preciso um outro reconhecimento e valorização do papel dos professores”.
Para o responsável católico, “a questão dos professores não se reduz à questão do tempo, à questão do salarial, tem a ver com o estatuto, o seu papel na sociedade, o seu reconhecimento e a sua valorização”.
“É uma questão muito mais ampla, muito mais alargada da escola pública, com certeza, há que reconhecê-lo, mas também da escola particular e nós ajudaremos naquilo que for possível para que esse diálogo, seja construtivo e positivo, também contando e contaremos muito com os professores”, completou.