EMRC prepara manuais «graficamente atrativos» e «atentos às realidades locais»

Equipas de reelaboração de manuais realizaram primeira reunião de trabalho, em Alfragide

O Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, acolheu, no passado sábado, a reunião das equipas de professores que vão reelaborar os manuais da disciplina de EMRC do 4º e 9º anos e as Unidades Letivas 8, 9 e 10 do Ensino Secundário. Em preparação está, já, a reformulação dos 5º e 6º anos com uma forte componente digital.

Um secundário mais próximo de uma nova geração de alunos

Presente na sessão Moisés Pinho, docente da equipa de reformulação de uma das unidades do ensino secundário, destacou a necessidade de uma “adequação da linguagem”, presente nos manuais, a “uma nova geração de alunos” que apresenta “novos hábitos de aprendizagem”.

“Estamos responsáveis pela unidade letiva da «Comunidade dos Crentes em Cristo». Trata-se de repensar e traduzir, para uma linguagem mais acessível, os conteúdos programáticos com vista a motivar mais os alunos”, explica ao EDUCRIS.

Tomando como ponto de partida as aprendizagens essenciais e o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, o professor dá conta da necessidade de “introduzir dinâmicas, aproveitando o que já existe e dá frutos”, para “tentar adequar todo o articulado às faixas etárias a que nos dirigimos”.

Trazer as aulas para a rua

Ainda no ensino secundário a equipa da qual faz parte João Carapito, professor em Évora, reformula, durante este ano, a unidade letiva «Arte Cristã».

“Esta é uma unidade letiva ‘densa’ e um desafio assumido com grande vontade. A unidade toca um pouco todas as áreas do saber. Queremos ir ao encontro do que aprendem, muito através do uso dos sentidos”, sustenta.

Habituado a trabalhar a “Arte Cristã no meio da rua”, João Carapito considera ser necessário “simplificar e trazer para mais próximo dos alunos os próprios conteúdos, através da possibilidade de criar lugares e espaços de experiências”.

“O Cristianismo é marco fundamental do país, O desafio passa por pôr os alunos a olhar para as diferentes realidades e dar-lhes as chaves de leitura, os códigos que fomos perdendo ao querer ler um quadro, uma escultura, uma Igreja, um poema”, desenvolve.

“Ninguém gosta do que não conhece. A nossa missão é despertar para esta realidade para que se recupere o sentido”, completa.

Primeiro Ciclo: Trabalho interdisciplinar e manuais mais práticos

Do 1º ciclo, Luís Coelho, professor em Lisboa, dá conta da necessidade de trazer às escolas “um trabalho mais interdisciplinar, sustentado por um conjunto de manuais mais apelativos e práticos para os alunos”. “Esta equipa do primeiro ciclo tem-se mantido, com alguns novos elementos, que trazem novas sensibilidades, e novas realidades. Parece-nos fundamental tornar os manuais mais apelativos e práticos para os alunos”, afirma.

Numa altura em que as escolas desenvolvem projetos interdisciplinares, o também coordenador da equipa de reformulação dos manuais, para esta faixa etária, considera ser fundamental ter em conta as “restantes áreas do saber” e advoga manuais que possam ser “facilitadores para esta efetivação da disciplina nas escolas do 1º ciclo”.

“Por isto mesmo olhamos para os manuais das várias disciplinas para podermos ter a certeza de que o nosso trabalho respeita os métodos implementados e estimula a interdisciplinaridade entre as várias áreas, porque isso faz sentido para os próprios alunos”, desenvolve.

Numa faixa etária ainda muito precoce o docente lamenta “a confusão que persiste ainda num pequeno grupo de colegas e pais” que confundem a disciplina com a catequese.

“Ainda temos, em alguns casos, a confusão entre a EMRC e a catequese. O que queremos transmitir desde cedo, e estes manuais vão trazer, é que o facto de termos uma citação bíblica não traz consigo, necessariamente, a dimensão da oração, mas trata-se sim, de a trabalhar a partir da própria cultura e do conhecimento académico. Queremos, a partir da nossa especificidade católica, dar a conhecer muitos dos conteúdos que estão na génese na nossa própria cultura”, completa.

Segundo Ciclo aposta no “currículo local” e no “digital”

Com mais “tempo para maturar” uma equipa de cinco professores prepara o futuro segundo ciclo (5º e 6º anos).

“Esta é a faixa etária de entrada na disciplina para muitos dos nossos alunos. Queremos ajudar a construir um bom conjunto de manuais e dar já espaço ao digital como grande desafio”, explica Ricardo Cunha que leciona no Algarve.

Para Estela Cristina Ribeiro de Brito, da Guarda, é importante “usar uma nova linguagem” que “ajude a recuperar “a proximidade e o contacto pessoal com os alunos que se perdeu com a pandemia e faz parte da nossa identidade como disciplina”.

Conscientes da existência de “planos de escola cada vez mais próximos da realidade local”, a equipa de reformulação destes manuais quer “trabalhar o currículo local”.

“Sabemos que não vamos poder trabalhar todas as especificidades do país, seria impossível, mas não podemos deixar que se note que as nossas aprendizagens estão na génese da nossa matriz cultural”, acrescentam.

A equipa do segundo ciclo destaca também “o salto que o digital vai trazer à própria disciplina”.

“Estes manuais vão ter de responder aos desafios do digital e o projeto está a ser construído a partir disto: Do papel ao digital para que responda a esta faixa etária onde as tarefas concretas são muito importantes”, completam.

3º Ciclo: O desafio de ajudar a «construir um projeto de vida»

A fechar a reformulação do 3º ciclo, com uma nova edição do manual do 9º ano, Margarida Portugal, professora em Lisboa, dá conta de uma clara “aposta no grafismo”.

“Pela aparência queremos chegar à essência e cativar os nossos alunos até porque as aprendizagens essenciais traduzem o antigo programa”.

Para José Luís, de Lamego, a “pandemia revelou uma geração da imagem” que importa “acautelar nos manuais”.

“Nenhum dos nossos alunos está disponível para grandes textos. A imagem é, agora, vital, e por isso o grafismo tem de ser próximo e apelativo”, considera.

Para Michael Fernandes, de Lisboa, o manual do 9º ano deve ir ao encontro de “uma das grandes tarefas da disciplina”, que passa por “ajudar a pessoa a conhecer-se, a gerar o seu próprio projeto de vida e a ser elemento ativo, construtor da comunidade, tal e qual aponta o próprio título do manual”.

Educris|13.10.2022



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