Viana do Castelo: «O sofrimento pode receber um sentido», padre Pablo Lima

Especialista em Sagrada Escritura apresentou “o paradigma de Job” nos processos de doença, sofrimento e luto

O padre Pablo Lima, biblista, afirmou que a sabedoria Bíblica traz consigo um “sentido” para a pergunta acerca do sofrimento humano que leva, em alguns casos, “ à própria negação de Deus”.

“É bem sabido que, quando se calcorreia o terreno desta pergunta, se chega não só a múltiplas frustrações e conflitos nas relações do homem com Deus, mas sucede até chegar-se à própria negação de Deus.

Na formação «Sabedoria bíblica nos processos de doença, sofrimento e luto. O Paradigma de Job», o professor do Instituto Católico de Viana do Castelo (ICVC), afirmou que “se, efetivamente, a existência do mundo como que abre o olhar da alma à existência de Deus, à sua sapiência, poder e magnificência, então o mal e o sofrimento parecem ofuscar esta imagem, às vezes de modo radical”.

Para o especialista torna-se necessária uma hermenêutica sobre “a pergunta sobre o sentido do sofrimento” e uma reflexão acerca “das possíveis respostas a dar-lhe”.

Às cerca de cinco dezenas de professores de Educação Moral e Religiosa Católica presentes, o especialista apresentou “Job”, não como “a última palavra da Revelação sobre este tema”, mas como “um anúncio, de certo modo, da Paixão de Cristo”.

“A experiência de Job, só por si, já é argumento suficiente para que a resposta à pergunta sobre o sentido do sofrimento não fique ligada, sem reservas, à ordem moral baseada somente na justiça”, alertou.

Contextualizando o livro de Job, enquanto documento de sabedoria, o especialista alertou para a tentação de se “reduzir e empobrecer o conceito de justiça que encontramos na Revelação”.

“O Livro de Job põe de modo perspicaz, a pergunta sobre o «porquê» do sofrimento; e mostra também que ele atinge o inocente, mas ainda não dá a solução ao problema”, indicou.

Para o responsável do ICVC é fundamental que “o momento de dor, de luto e de dor” possam ser iluminados pelo “direito ao grito, à dor manifesta, ao luto” como se vê em Job e na tradição Bíblica.

“O sofrimento não se explica nem justifica! Não tem um porquê definitivo; mas pode receber um sentido. Para nós, os cristãos, o sofrimento ilumina-se com Cristo, quando é vivido por amor”, completou.

A sessão formativa contou, ainda, com a presença de D. João Lavrador, que recentemente tomou posse naquela diocese do Alto Minho e que aproveitou a ocasião para conhecer os professores da Diocese e apresentar as suas preocupações e expectativas para a disciplina.

Educris|05.03.2022



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