«Precisamos de uma comunidade catequizanda e catequizada», Isabel Oliveira

Responsável pelo Setor da Educação Cristã do Porto participou no Congresso «Catequese, liturgia e experiência humana», promovido pela Equipa Europeia de Catequese e partilha os desafios deixados na iniciativa que se realizou na Roménia

Este congresso, mergulhou na experiência ecuménica ao contactar com a igreja greco-católica, onde se destaca a importância da liturgia e da iconografia na transmissão da fé. Neste quadro, fez-se uma breve leitura histórica da problemática e refletiu-se sobre a ligação entre a catequese, a liturgia e a experiência de vida fazendo sobressair ao mesmo tempo a sua intrínseca interligação e a dificuldade de estabelecer essa mesma relação.

Entre todas as conferências, realço a partilha do professor Joël Molinario que recordou que do Papa Pio X ao Papa Pio XII a preocupação por transmitir a doutrina colocou o catecismo no centro da preocupação da transmissão da fé.

Com a redescoberta do catecumenado e o «renouveau catéchétique», a catequese assume, lentamente, a sua ligação à liturgia, à Palavra e à vida. Todavia, não desapareceu a tentação de se entender a prática catequética como uma preparação para os sacramentos.

Entre as várias correntes, surge a catequese antropológica que apresenta alguma dificuldade em estabelecer a relação entre a vida, a fé e a liturgia. O seu esquema reflete como primeira preocupação a transmissão dos valores cristãos e, por vezes, a celebração da fé traduz-se numa celebração do tema estudado ou como uma forma de festejar o fim de um percurso catequético.

Nos últimos anos, progressivamente, quer nos documentos do magistério, quer na reflexão catequética, quer na pártica, a catequese procura assumir a dimensão querigmática e mistagógica, redescobrindo a intrínseca ligação com a ação litúrgica, onde Jesus Cristo vem ao encontro do ser humano e realiza a sua conversão. Trata-se de uma «iniciação pela liturgia», centrada no mistério pascal, em que a pedagogia conduz o catequizando a entrar na experiência cristã a través da comunidade, um itinerário de «entrada na Igreja pela Igreja».

As experiências, a reflexão e a partilha, ao longo do congresso, tocam de perto a realidade e alguns dos desafios da catequese em Portugal.  O primeiro desafio seria o de estabelecer mais profundamente a relação entre a catequese, a liturgia e a caridade de forma a tornar evidente que esta unidade é constitutiva da vida nova que brota do batismo. Uma unidade que favorecer o conhecimento vivo do mistério de cristo e ajuda à compreensão e à experiência da liturgia tendo em conta que «os sacramentos são um meio especial, que comunicam plenamente Aquele que é anunciado pela Igreja (Cf. DC 81)».

Sabendo que catequese e a liturgia se alimentam mutuamente e pertencem as duas ao «ato de acreditar», à experiência gozosa de ser cristão, o segundo desafio seria o de assumir que é a comunidade que inicia à vida cristã porque é ela que conhece, vive, celebra e transmite a fé em Jesus Cristo. Uma comunidade “catequizanda e catequizada”, em processo de conversão, que mergulha com Cristo no mistério pascal e por isso convida, a quem chega de novo, a viver nela e com ela um processo querigmático e mistagógico de iniciação à fé. Um convite que oferece ao ser humano, do nosso tempo, uma iniciação à vida cristã na sua plenitude.

Educris|05.06.2024



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