«Itinerário implica discernimento pessoal e comunitário», padre Tiago Neto
Membro da equipa redatora, do novo documento orientador para a Catequese, apresentou versão final aos responsáveis diocesanos da catequese
O padre Tiago Neto considera que o “Itinerário” vai obrigar “a um processo de discernimento mais apurado nas comunidades” e a um “acompanhamento mais próximo dos que se aproximam da fé”.
“Este Itinerário é ‘mais líquido’, menos diretivo e mais moldável à realidade de cada diocese, de cada paróquia, de cada comunidade e de cada grupo de catequese. Exige, por isso, um esforço redobrado na formação dos catequistas”.
Na apresentação do documento, recentemente publicado pela Conferência Episcopal Portuguesa, o sacerdote deu conta de que este “não apresenta um esquema tradicional no desenvolvimento do percurso catequético”, pois baseia-se, de certo modo, no “estilo de acompanhamento catecumenal”.
“Este itinerário mostra-nos claramente que a formação cristã não acaba nem se fecha na catequese, mas abre-se à dimensão evangelizadora. A catequese está ao serviço da transmissão da fé, mas não esgota esse processo, e isso altera o ponto de partida e chegada do processo catequético como tradicionalmente tem sido entendido”, apontou na reunião de responsáveis diocesanos da catequese.
Constituído por quatro tempos onde constam “o despertar da fé, a iniciação à vida crista, o aprofundamento mistagógico, o discipulado missionário”, o novo documento orientador para a catequese em Portugal, convoca as comunidades cristãs e as famílias a “tomarem parte do processo de adesão à fé” fazendo com que “cada pessoa, no limite, receba os sacramentos na altura em que estiver preparada para os receber”.
Este novo modo de proceder rompe com a lógica “escolar” do percurso catequético tradicional e “obriga-nos a pensar, como comunidade cristã, acerca do que estamos a impactar nos mais novos, o que vamos semeando, a cada momento, para ajudar este caminho de encontro com Cristo”, desenvolveu.
O também responsável pelo setor da catequese do Patriarcado de Lisboa considera que o «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias», traz consigo “dinamismos pedagógicos diferenciados em relação às famílias, mas também para as crianças e para os adolescentes”, baseando-se “numa pastoral de proximidade com as pessoas e as sua realidades concreta”.
Num primeiro tempo, o do “Despertar da Fé”, a proposta recorre a uma “multiplicidade de realidades e propostas” tendo em conta “o tempo que vivemos”.
“Existem hoje já, muitas e boas formas de acompanhar os filhos. Desde a gestação até ao tempo da ‘iniciação cristã’ existe lugar a uma pastoral do acolhimento desta nova criança e da sua família, com foco em momentos comunitários fortes que sejam lugares de ‘espanto perante Deus’”.
Já no segundo momento, o chamado de “iniciação cristã” o Itinerário propõe “a primeira síntese da experiência cristã” com foco “na realidade das crianças entre os 7 e os 10 anos de idade”.
Segue-se o “aprofundamento mistagógico”, onde “se valoriza a adolescência como fase de transição” e se pretende “fazer uma catequese experiencial, onde os mais novos sejam protagonistas. No fundo diz-se o que deve experimentar o adolescente neste tempo a partir da dinâmica da vida cristã e do ‘ver, julgar e agir’”.
No quarto e último tempo do itinerário, o “tempo do discipulado missionário” quer apresentar-se uma proposta que seja “moldável à realidade de cada grupo e de cada comunidade”.
“Não se trata de prolongar a catequese até aos 18 anos, mas a ideia é que o grupo possa continuar a sua caminhada e que existam propostas que possam ajudar a que isso aconteça. Sabemos, por experiência, de que onde surgem propostas as pessoas permanecem”, concluiu.