Bruxelas/EEC: O fim da cultura cristã não é o fim do cristianismo", D. Josef de Kesel

Todos os dias o padre Tiago Neto, diretor do Sector da Catequese de Lisboa partilha com os leitores do  site da Educação Cristã (EDUCRIS), um resumo dos trabalhos do Congresso Europeu, que decorre em Bruxelas, e que reúne responsáveis da catequese de toda a europa

«A inserção profética da fé na cultura europeia pós-moderna, em diálogo com o Diretório para a catequese (2020)» é o tema deste encontro, que hoje teve o seu arranque e que se prolonga até ao próximo domingo, de Pentecostes, no centro da Europa.

A equipa europeia de catequese apelidou, este primeiro dia, de "Abrir os Olhos" e abriu-se a oportunidade de "Situar o novo Diretório no contexto da cultura europeia atual".

Na primeira conferência do dia o filósofo Guido Vanheeswijck ajudou-nos a compreender a génese e evolução do conceito de secularização. "De uma visão tradicional", que determinava o fim da religião nas sociedades pós-modernas, o autor fez uma resenha relativa ao modo como se chegou a uma "visão do lugar da religião em constante recomposição".

A partir do tema «Compreender a secularização, a pós-modernidade e como funciona a fé cristã neste contexto», o professor da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, sustentou que "na cultura atual" subsiste "a tensão entre a subjetividade   - centralidade do sujeito - e a objetividade da fé faz desta última um recurso necessário na medida em que corresponde ao que o sujeito sente". A secularização constitui, deste modo, "uma oportunidade de liberdade do próprio cristianismo".

No segundo momento formativo do dia o cardeal Josef de Kesel, arcebispo de Malines-Bruxelles, analisou o tema «Fé e religião numa sociedade moderna». Partindo de "uma interrogação sobre o modo como podemos compreender o nosso mundo e o nosso tempo numa sociedade secularizada e pluralista", o prelado sustentu que "a legitimidade de uma cultura secularizada constitui a condição de uma cultura de tolerância e respeito pelo outro".

"É neste contexto que se põe a questão da evangelização e o modo como o fazemos", sustentou, considerando ser necessário partir de "uma visão da Igreja no mundo herdada do Concílio Vaticano II" e que "aponta alguns aspetos relativos à evangelização".

"Precisamos de Comunidades radiantes e evangelizadoras, de dizer não ao proselitismo, de ser encontro ao serviço do testemunho pois a eficácia pastoral nasce da paixão por Jesus e do querer dá-lo a conhecer".

D. Josef de Kesel pediu aos responsáveis pela catequese na Europa "o realismo de perceber que o fim de uma cultura cristã não é o fim do cristianismo".

Da parte da tarde, s participantes realizaram uma visita à “principais instituições políticas e religiosas” da cidade de Bruxelas, onde aprofundaram o artigo 17, do Tratado de Lisboa, que aborda o «Diálogo com as organizações religiosas e não confessionais», em pleno parlamento europeu.

Seguiu-se um encontro com o padre Manuel Enrique Barrios Pietro, secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, e uma visita à capelania europeia e de acolhimento, a cargo do padre Christian Sowa Sj.

Amanhã, sexta-feira, dia 3 de junho, o dia fica marcado pela análise do Diretório para a Catequese e a intervenção de Henri Derroitte e Catherine Chevalier, da Universidade de Louvain, Bélgica. Durante a tarde o grupo é dividido em grupos de trabalho.

No sábado, dia 4 de junho, Olivier Roy, cientista político, e membro do Robert Schuman Centre for Advanced Studies, e do Instituto Universitário Europeu, abre os trabalhos analisando a situação do cristianismo numa sociedade pós-moderna.

Segue-se o tema «Igreja, cultura e catequese: imaginar o verdadeiro futuro, primeiro ensaio», por Rene Camilleri, teólogo da Universidade de Malta e «Igreja, cultura e catequese: imaginar o verdadeiro futuro, segundo ensaio» por Margit Eckholt, da Universidade de Osnabrück.

No domingo, dia de Pentecostes, os responsáveis pela catequese na Europa, celebram a eucaristia numa paróquia de Bruxelas.

Portugal com representação nos trabalhos

De Portugal estão presentes D. Jorge Ortiga, vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé e arcebispo emérito de Braga, Fernando Moita, diretor do Secretariado Nacional da Educação Cristã, irmã Arminda Faustino, do SNEC, e o padre Tiago Neto, diretor do sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa.

Estão também presentes o padre Manuel Queirós, da diocese de Vila Real e o cónego Luís Miguel Rodrigues, da arquidiocese de Braga, membros da equipa europeia de catequese.

Educris|02.06.2022



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