Setúbal: «Bartolomeu dos Mártires é modelo de fidelidade ao Evangelho», José Eduardo Franco

Dia diocesano do catequista marcado por conferência sobre o Santo Português declarado padroeiro dos Catequistas

O professor José Eduardo Franco considera que “Frei Bartolomeu dos Mártires é modelo de fidelidade ao Evangelho” e desafiou a Igreja a “redescobrir a riqueza e as instituições” de um homem que marcou o catolicismo europeu do século XVI.

“Frei Bartolomeu é um modelo inspirador. Não para o imitarmos, mas para olharmos para ele e aprendermos a olhar para o modo como vivemos a Fidelidade ao Evangelho. Tal como no século XVI devemos hoje voltar às fontes do evangelho e ser criativos”, apontou numa conferência aos catequistas de Setúbal.

Explicando que na história “é sempre é necessário olhar o contexto pois este  é um grande interprete que impede más intenções”, o professor deu conta “dos grandes desafios presentes no século XVI e estabeleceu algumas similitudes entre o período e a atualidade.

“Este século [o XVI] é marcado pelo espírito de mudança, de renovação. Queria-se uma renovação a vários níveis. Havia a impressão que a Igreja estava instalada e era urgente uma renovação. Deparamos-mos com um alto clero, o episcopado de corte, que vivia junto dos reis e não junto do povo. O próprio clero precisava de formação e a Igreja deveria voltar ao evangelho”, explicitou.

Para o investigador a grande intuição de Frei Bartolomeu dos Mártires passa pelo desejo de “volta às origens do evangelho através de uma reforma e não de uma rutura”, procurando “conhecer a realidade num mundo que assiste à sua primeira globalização”.

“As viagens marítimas deram o mundo a conhecer-se ao mundo. É a partir delas que o cristianismo se tornou global e que o evangelho pode realizar-se de acordo com o mandato de Jesus”.

Um renovador que aposta no 'ver, julgar e agir'

É neste contexto que vive Frei Bartolomeu dos Mártires que “recusa inicialmente ser arcebispo de Braga porque se quer dedicar à vida em pobreza, ao estudo e à pregação”.

“Era alguém muito erudito que gostava de viver no meio do povo, percebeu as suas necessidades e os seus sonhos. Ao ser nomeado arcebispo altera o modo de viver o bispado pois vive em Braga e assume uma intervenção junto do povo e do cabido, coisa rara naquele tempo”.

Dando conta do exemplo de “simplicidade de vida e de ascese” do padroeiro da catequese, José Eduardo Franco apontou “as constantes visitas episcopais aos padres e às paroquias para ir fazendo relatórios e perceber como atuar” e que lhe permite “constatar a ignorância do povo e do clero sobre as questões doutrinal e catequética. E criar um catecismo próprio”.

“É extraordinário a vários níveis. Também prevê a necessidade de afetar uma parte significativa do orçamento da Arquidiocese para a caridade e resiste às decisões homogéneas e igualitárias para todos. Era um humanista”, desenvolveu.

Destacando o contributo à evangelização e à catequese, o professor universitário deu conta da “obra da catequese, a doutrina cristã, que vai ser traduzida noutras línguas e se torna referencia a nível internacional. É um empreendedor pastoral, não só teoricamente, mas como alguém que coloca as mãos na massa, os pés ao caminho e encontra soluções. Exemplo maior de alguém que ‘vê, julga e age’, como veremos mais tarde no m´todo proposto pela Ação Católica”, concluiu.

A decisão de tornar Frei Bartolomeu dos Mártirs padroeiro dos Catequistas foi tomada pela Conferência Episcopal Portuguesa em novembro d2 2021.

Educris|10.02.2022



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