“Em 2023, ainda havia 241 mil pessoas sem possibilidade de ter uma alimentação adequada e 712 mil sem capacidade de comprar roupa nova. Cerca de um milhão de pessoas não tem capacidade para gastar uma pequena quantia consigo mesmo e mais de 2 milhões estão sem capacidade de manter a casa devidamente aquecida”, lê-se na introdução do estudo coordenado pelo Observatório Cáritas.
A organização católica lamenta que Portugal ainda esteja “muito longe de erradicar a pobreza e exclusão extremas e, nesta perspetiva, de convergir para os países com melhor desempenho a nível europeu”.
“Entre 2019 e 2023, não se observaram progressos significativos no combate à pobreza mais extrema em Portugal. Em várias dimensões a situação até se deteriorou. O aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo ou sem capacidade de manter a casa aquecida são disso exemplos claros”, aponta o documento.
Para a Cáritas as “estatísticas oficiais subestimam a magnitude da pobreza e exclusão em Portugal” e é fundamental o desenvolvimento de “políticas mais exigentes e mais direcionadas aos segmentos mais vulneráveis da população”.
“Estas políticas terão de partir da realidade vivida pelos pobres. Este combate será bem-sucedido se for encarado como um verdadeiro desígnio nacional, tal como preconizado na Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-30”, preconiza o estudo.
Na Semana Nacional Cáritas, que decorre sob o tema «Cáritas, o Amor que Transforma» até ao próximo dia 3 de março, decorre o tradicional «peditório Cáritas» em todo o país.
Atualmente a rede Cáritas em Portugal dá resposta a mais de 120 mil atendimentos e desenvolve um trabalho alargado de proximidade através da implementação de respostas sociais que alcançam todas a áreas de vulnerabilidade da pessoa.