Braga: «É urgente repor a pessoa no centro da educação», D. José Cordeiro

Arcebispo de Braga participou no Congresso «Educação e Cultura de Paz: O Caminho do Perdão»

D. José Cordeiro considerou urgente “repor a pessoa no centro da educação” na atualidade.

“O binómio evolução e tecnologia, produz muita dispersão e cria um vazio de valores, de afetos, cujas linguagens e experiências transformam a pessoa apenas num depósito, retirando-lhe o carácter de sujeito de experiências. É urgente, com efeito, repor a pessoa no centro da educação”, afirmou no V Congresso Internacional de Pedagogia que a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa (UCP) acolheu entre os dias 18 e 20 de janeiro de 2024.

Na sua comunicação o arcebispo de Braga considerou a educação como “um dos elementos mais emergentes da sociedade” e lembrou o modo “feliz” como “o cristianismo encontrou no humanismo grego um campo feliz onde semeou a boa notícia da universalidade da pessoa enquanto criatura de Deus e da sua individualidade enquanto sujeito vivo de uma cultura”.

Olhando para a realiza atual, e numa “cultura ocidental” que “relativizou a pessoa”, D. José Cordeiro criticou a “revolução tecnológica” pois mostra-se incapaz de uma educação ao discernimento.

“O computador e a internet, que são os emblemas do progresso tecnológico, fornecem materiais ao infinito, mas não educam ao discernimento. A própria comunicação tornou-se uma mera informação sem dinamismo formativo”, lamentou.

Para o prelado não é possível uma “pedagogia autêntica sem antropologia” pois não se trata apenas de “comunicar informações ou oferecer uma preparação técnica em vista de proporcionar benefícios económicos para a sociedade”, mas ajudar a uma autêntica “formação da pessoa humana” que ajude a pessoa a “viver plenamente a própria vida — em poucas palavras, refere-se à educação para a sabedoria”, sustentou.

“Por um lado, o docente transmite, orienta e propõe, por outro lado, o discente pode decidir em liberdade como assumir as suas responsabilidades pessoais na participação da construção da sociedade”.

Num momento complexo para o sistema educativo o arcebispo metropolita lembrou “um provérbio africano” para afirmar que hoje a “aldeia inteira é constituída pelos pais, pelos professores, pelos animadores, ou seja, pelos lugares educativos” como a “família, a escola, o desporto, a Igreja, o território, o diálogo intergeracional, o trabalho para uma realização da dignidade humana”.

“Trata-se de trabalhar a fim de que a cidade seja realmente humana”, pois “a educação para a paz não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão”.

Aos participantes no V Congresso Internacional de Pedagogia o prelado reafirmou a ideia de que existe uma crise na “capacidade de uma geração de adultos em educar os próprios filhos.”.

“Por muito tempo se apregoou que a liberdade é a ausência de história, que se pode ser grande sem pertencer a nada nem a ninguém, seguindo só o gosto e o prazer pessoal. Tornou-se até normal pensar que tudo é igual, que nada tem valor senão o dinheiro, o poder e a posição social. Viveu-se como se a verdade não existisse e o desejo da felicidade que dá forma ao coração humano fosse destinado a não obter nenhuma resposta”.

No final da sua reflexão D. José Cordeiro pediu uma formação na “coerência e na exemplaridade numa tensão unificadora entre o profissionalismo e a personalidade, de modo a transformar a profissão em missão”, sempre atentos ao futuro.

“Precisamos de olhar para o futuro com esperança num compromisso com uma educação integral significa também saber formar para a justiça e a paz. É necessário ajudar as crianças, os adolescentes e os jovens a desenvolverem uma personalidade de paz, no respeito pela sacralidade da outra pessoa, com a força interior de construir o bem comum, mesmo quando isso custa sacrifício e diálogo, com a reconciliação e o perdão”, concluiu.

Imagem: Arquidiocese de Braga

Educris|23.01.2024



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