Igreja: Bispos portugueses realizam Assembleia Plenária, em Fátima

Proteção de menores, ministérios laicais, Jornada Mundial da Juventude e catequese em destaque nos trabalhos

Iniciou-se esta tarde, em Fátima, a 202º Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) com a presença de todos os bispos portugueses e três sacerdotes, que assumem as funções de administradores diocesanos, das dioceses de Angra do Heroísmo, Bragança-Miranda e Setúbal.

Nas palavras de abertura dos trabalhos D. José Ornelas, presidente da CEP e bispo de Leiria-Fátima, deu nota de alguns dos acontecimentos recentes da Igreja, como o “Congresso realizado em Fátima e da memória celebrativa dos 375 anos da proclamação e coroação da Imaculada Conceição”, ou “os 100 anos da fundação da diocese de Vila Real” e evocou o 25 de abril de 1974 como um dia que “significou uma mudança fundamental de rumo do nosso país”.

“Embora o ideal de abril permaneça ainda, em muitos aspetos, como meta a alcançar, é importante sublinhar os passos dados na construção de um país baseado nos valores da dignidade e da abertura sem preconceitos aos outros povos e culturas, como terreno sólido para colaborar na construção de um futuro de real fraternidade, solidariedade e paz para toda a humanidade”, apontou.

Recordando a “bárbara e incompreensível guerra que se abateu sobre a Ucrânia”, o prelado exprimiu “solidariedade, proximidade e oração da Igreja em Portugal” e reforçou a ideia de que “a guerra não atinge apenas a Ucrânia, mas tem consequências sérias em todo o mundo”.

“Os efeitos da guerra, com a escassez de produtos, a subida dos preços e a progressiva tensão política internacional, estão a provocar o agravamento das condições de vida sobretudo das pessoas e famílias que dispõem de menores recursos”, alertou.

Aos poderes políticos D. José Ornelas alertou para a necessidade de se fazer cumprir “Direito Internacional” que se deve basear na justiça, na dignidade e na paz”, pois “todos os povos têm direito a lutar pela sua autodeterminação”.

“A ambição cega de um regime não pode coartar ou beliscar esse direito, muito menos invocando razões históricas ou até religiosas. O tempo que vivemos é muito desafiador e exige de todos nós um grande sentido de responsabilidade. Aos poderes públicos exige-se competência: para travar a guerra, para encontrar soluções duradouras de paz e para gizar políticas que ajudem as populações a ultrapassarem os constrangimentos de uma economia de guerra e a viver com dignidade e paz”, pediu.

Um olhar para o interior da Igreja

Na segunda parte da sua reflexão D. José Ornelas deu conta “dos passos firmes numa coordenação efetiva da proteção de menores nas instituições da Igreja”, lembrou que “entre 2019 e 2020 todas as dioceses criaram as respetivas Comissões Diocesanas de Proteção de Menores”, e pediu “perdão, em nome da Igreja Católica”, a todas as vítimas.

“Às pessoas que passaram pela dramática situação do abuso reafirmamos o nosso pedido de perdão, em nome da Igreja Católica, e o nosso empenho em ajudar a sarar as feridas […] Estamos convosco: acompanhamos-vos na vossa dor, queremos ajudar a repará-la e tudo faremos para prevenir situações como as que tiveram de enfrentar”, referiu, e reafirmando qu “o tema não está encerrado”.

Também a “renovação sinodal da Igreja e a sua adaptação” à realidade atual em destaque até à próxima quinta-feira.

Os bispos analisam três documentos o «Itinerário de iniciação à vida cristã com as famílias, com as crianças e com os adolescentes», para ajudar a “renovar o percurso de educação cristã dos mais novos, através da catequese, com atenção especial ao papel da família”; «Ministérios laicais para uma Igreja ministerial», que apresenta “o novo perfil e as novas responsabilidades” que a Igreja vai conceder a “leitores, acólitos e catequistas” e um conjunto de alterações à “regulamentação dos direitos de privacidade de cada pessoa, no documento «Instrução sobre o direito de cada pessoa a proteger a própria intimidade».

Também a Jornada Mundial da Juventude, que Lisboa acolhe em 2023, vai estar na agenda dos bispos de Portugal.

Educris|25.04.2022



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