Síria: Religiosa denuncia «Situação Catastrófica»

Superiora do Mosteiro de Unidade de Antioquia traça cenário "devastador" de uma guerra que já vítimou mais de meio milhão de pessoas

 

O início do conflito, uma data tragicamente assinalada no passado dia 15 de março, serviu de mote para uma análise da situação na Síria por parte de Agnès-Mariam de la Croix, a religiosa superiora das Monjas de Unidade de Antioquia, que habita na região destruída por uma guerra fraticída.

"Posso dizer que esta situação é catastrófica. A sobrevivência torna-se impossível para o nosso povo, sejam cristãos ou não, porque nós, no Mosteiro de São Tiago Mutilado, cuidamos de toda a gente, porque todos são seres humanos criados à imagem de Deus", afirma a religiosa em entrevista à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

De origem libanesa a religiosa explica que a Síria atual tem dificuldade no acesso a bem básicos como "o pão, electricidade ou combustíveis" e considera que se corre o risco de "esquecer a situação numa altura em que o mundo parece estar focado totalmente na guerra na Ucrânia".

"Tem de haver uma solução, tem de haver uma solução internacional para a situação na Síria, mas também uma solução de generosidade humana”, diz a religiosa.

“Por isso, esperamos que, tal como a Fundação AIS, outras instituições católicas olhem de mais perto para esta situação desesperada na Síria, para nos ajudar a ajudar e ajudar todos os que estão a ajudar estas pessoas, porque hoje mais de 85% da população síria vive com necessidades. Há 13 milhões que viram as suas casas destruídas, que não têm casa. Consegue ver-se por satélite a situação dessas casas destruídas, principalmente nas grandes cidades", apela.

Num retrato sobre a realidade local a irmã Agnès-Mariam de la Croix pede que se cuidem das "populações que vivem em asfixia diária provocada pela inflação de uma crise económica sem precedentes".

"São as pessoas inocentes que estão a morrer, a ser expulsas, a sofrer, a pagar o preço, a emigrar… Mais uma vez, rezamos e temos esperança de que os líderes desses países poderosos voltem à razão e à justiça, voltem ao respeito pela lei internacional e deixem de interferir nos destinos dos povos da Síria e nas suas decisões".

Numa altura em que os Estados Unidos da América e a Eurpa mantém um embargo económico sobre a região, a religiosa, do Mosteiro de São Tiago Mutilado, em Qara, sustenta ser urgente pôr fim a estas medidas que asfixiam a população.

"Este embargo é injusto porque quem paga o preço mais elevado é o cidadão e o cidadão é inocente, não tem nada a ver com as partes beligerantes. Por isso, é muito importante a oração e chamar a atenção para a urgência de uma solução internacional para a resolução deste conflito e para o fim deste embargo".

No final da entrevista a religiosa lembra que é fundamental "que as famílias cristãs permaneçam na região" pois isso é "o desejo do Santo Padre, o desejo dos prelados e o desejo de todo o mundo católico".

"Se o Médio Oriente não tiver a presença dos Cristãos, vamos fazer uma cruzada? Não podemos ficar sem os Cristãos! A nossa realidade é uma realidade difícil. Um cristão no Médio Oriente não é um cristão na Europa ou no mundo ocidental, onde há liberdade de religião. […] Temos esperança de que, de mãos dadas, nos possamos ajudar uns aos outros e ajudar os Cristãos a ficar nesta Terra Santa. Este é um dos objectivos principais da nossa comunidade", completa.

Imagem:AIS

Educris|01.04.2022

 



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