Vaticano: «Fazer casa em nós» para «difundir a fraternidade», desafia o Papa

No III Domingo da Quaresma Francisco alertou para a tentação de transformar a casa num mercado”, numa alusão ao episódio e que Jesus expulsa os vendilhões do templo

O Papa Francisco afirmou hoje a quaresma como o tempo propicio para “fazer em nós e à nossa volta mais casa e menos mercado”.

“Antes de mais, em relação a Deus: rezando muito, como filhos que batem incansavelmente e com confiança à porta do Pai, e não como comerciantes mesquinhos e desconfiados. Portanto, primeiro, rezando. E depois, difundindo a fraternidade: é necessária tanta fraternidade!”, afirmou.

Comentando o evangelho deste III Domingo da Quaresma, que apresenta Jesus a expulsar os vendilhões do templo, Francisco recordou a tentação de se considerar que “para estar bem com Deus” bastar “comprar um cordeiro, pagá-lo e consumi-lo sobre as brasas do altar”.

“Jesus hoje é duro porque não aceita que o templo-mercado tome o lugar do templo-casa, não aceita que a relação com Deus seja distante e comercial em vez de próxima e confiante, não aceita que os balcões de venda tomem o lugar da mesa familiar, que os preços tomem o lugar dos abraços e as moedas tomem o lugar das carícias”, desenvolveu

Para o papa o modo de atuação de Jesus revela a necessidade de evitar a criação de uma “barreira entre Deus e o homem, entre irmão e irmão, ao passo que Cristo veio trazer a comunhão, trazer a misericórdia, isto é, perdão, proximidade”.

No final da sua reflexão Francisco convidou os fiéis a pensar “no silêncio incómodo, isolado, por vezes até hostil, que encontramos em tantos lugares” e a questionar-se acerca do modo como se reza.

“Antes de mais, como é a minha oração? É um preço a pagar ou é o momento do abandono confiante, em que não olho para o relógio? E como são as minhas relações com os outros? Sei dar sem esperar a compensação? Sei dar o primeiro passo para abater os muros do silêncio e as lacunas da distância?”, interrogou.

Educris|03.03.2024