Sínodo: Documento síntese reafirma maior «protagonismo dos leigos» e «abertura a todos»

O papel das mulheres e dos leigos, a missão no digital, o ministério dos bispos, o sacerdócio e o diaconado, a importância dos pobres e migrantes, o ecumenismo e os abusos são o centro do relatório síntese aprovado hoje no Vaticano

Uma maioria de dois terços, de um total de 365 votantes, aprovou hoje, no Vaticano, o relatório síntese da primera sessão Sínodo sobre a sinodalidade na Igreja.

O documento, com cerca de 40 páginas, apresenta diversas reflexões e propostas para a segunda sessão, que decorre em 2024, deste autêntico movimento de renovação da Igreja Católica.

“O grito dos pobres, dos que são obrigados a migrar, dos que sofrem violência ou sofrem as consequências devastadoras das mudanças climáticas ressoou entre nós, não só através dos media, mas também das vozes de muitos, pessoalmente envolvidos com as suas famílias e povos nesses trágicos acontecimentos”, lê-se na introdução do documento disponível em italiano.

Tal como na Carta ao Povo de Deus, do passado dia 25 de outubro, a assembleia sinodal reafirmou “a abertura para ouvir e acompanhar todos, inclusive os sofreram abusos e ferimentos na Igreja”, num caminho que pretende ser percorrido “rumo à reconciliação e à justiça”.

Os participantes na assembleia apresentam a sinodalidade como “um modo de ser Igreja que articula comunhão, missão e participação”.

A questão do lugar das “mulheres e leigos, diaconado, ministério e magistério, paz e meio ambiente, pobres e migrantes, ecumenismo e identidade, novas linguagens e estruturas renovadas, antigas e novas missões (também digitais)”, a necessidade de “ouvir todos, mesmo as questões mais ‘polémicas’”, estão no centro do documento que resulta de quatro semanas de trabalho, que se iniciaram a 4 de outubro na Sala Paulo VI.

Numa sala sinodal que fica marcada pela metáfora das mesas redondas, o documento síntese reflete o trabalho desenvolvido nos círculos menores e as diferentes participações dos intervenientes.

No inicio desta noite de sábado, e em conferência de imprensa, o secretário-geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, lembrou que esta é apenas a primeira etapa de um percurso, “ainda com um logo caminho pela frente”.

“A sinodalidade é um exercício de escuta prolongado, respeitador e, sobretudo, humilde”, lembra aos que desejam maior celeridade na tomada de decisões.

Já para o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do sínodo, o relatório agora apresentado é “grande e amplo” porque aborda um conjunto alargado de questões extremamente ricas” e porque reflete o cuidado de organizar “os temas com clareza”.

Cada tema do relatório está estruturado em três núcleos: “consentimentos”, “questões a ser abordadas” e “propostas” para agora serem aprofundadas até outubro de 2024.

A partir de hoje, e com as devidas traduções, do Relatório-Síntese, vai ser apresentado ao papa Francisco. Mais tarde vai ser distribuído às conferências episcopais para voltar a ser analisado e refletido pelas diferentes comunidades locais.

A primeira sessão contou com 365 votantes. Pela primeira vez contou com o voto de 54 mulheres.

Educris|28.10.2023



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