Sínodo: Prioridade à ação do Espírito e «tempo de escutar mais do que falar», desafia o Papa

Francisco saudou, na sala Paulo VI, no Vaticano, os participantes da VI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, e pediu uma oportunidade ao “Espírito Santo”, longe da “mundanidade e das pressões” e capaz de entender este como “um tempo de pausa na Igreja”, de “escuta do Espírito” e de oração

O Papa Francisco afirmou ontem que o tempo de Assembleia Geral, que decorre até ao próximo dia 29 de outubro, deve ser entendido no contexto de um caminho de “sinodalidade” que implica “expressar-se com liberdade” e que vai amadurecendo na Igreja.

“Apraz-me recordar que foi São Paulo VI quem disse que a Igreja no Ocidente perdera a ideia da sinodalidade e, por isso, criara o Secretariado do Sínodo dos Bispos, que realizou muitos encontros, muitos Sínodos sobre diversas temáticas. […] ainda não tínhamos o hábito de que todos se devem expressar com liberdade. E assim lentamente, ao longo destes quase 60 anos, o caminho tomou esta direção, e hoje podemos chegar a este Sínodo sobre a sinodalidade”.

Aos cerca de quinhentos participantes que por estes dias se reúnem sobre o tema «Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, participação e Missão», o papa argentino lembrou que o assunto da sinodalidade havia já sido sinalizado por “todos os bispos do mundo” e que este é o momento de deixar como ser protagonista “o Espírito Santo”.

“Gosto de dizer que o Sínodo não é um parlamento; é diferente! O Sínodo não é uma reunião de amigos para resolver algumas questões atuais ou dar opiniões; é diverso! Não esqueçamos, irmãos e irmãs, que o protagonista do Sínodo não somos nós: é o Espírito Santo. E, se estiver no meio de nós o Espírito a guiar-nos, será um bom Sínodo”, desenvolveu.

Para o ‘bom sucesso’ deste tempo Francisco pediu que se evitem movimentos baseados “em interesses humanos, pessoais, ideológicos” sob pena de já não se estar “num Sínodo, mas mais uma reunião parlamentar”.

“O Sínodo é um caminho que o Espírito Santo faz. Foram-vos entregues algumas folhas com textos patrísticos que nos ajudarão na abertura do Sínodo. Foram tirados de São Basílio, que escreveu aquele estupendo tratado sobre o Espírito Santo. Porquê? Porque é preciso compreender esta realidade, que não é fácil… não é fácil!”, insistiu.

Recuperando a ideia de que a “Igreja deve atuar como uma orquestra”, onde o Espírito Santo é o maestro, o Papa aprofundou ao teor dos textos entregues à assembleia para reforçar que o Sínodo “não é parlamento, não somos as Nações Unidas, não! Trata-se duma coisa diferente”, e lamentou a “murmuração” que considerou uma “doença na Igreja”.

“A murmuração é a doença mais comum na Igreja. E se não deixarmos que Ele nos cure desta doença, dificilmente será bom um caminho sinodal. Pelo menos aqui: se não estás de acordo com o que diz ali aquele bispo, aquela religiosa ou aquele leigo, di-lo face a face. Para isto é um Sínodo: para dizer a verdade, não a murmuração pelas costas”, apelou.

Aos jornalistas de todo o mundo, presentes na sala e que vão acompanhar os trabalhos, Francisco desafiou a “uma ascese”, uma espécie de “jejum da palavra pública” para que não se prejudiquem os trabalhos.

“Mais do que a prioridade de falar, existe a prioridade da escuta. E peço, por favor, aos jornalistas que façam compreender isto às pessoas; saibam que a prioridade é ouvir”.

Educris|05.10.2023



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