10 anos com Francisco: O Papa que veio «do fim do mundo» e que está de volta a Portugal

Agosto marca regresso do Papa a Portugal, naquela que será a segunda visita ao território nacional

Assinala-se hoje o 10º aniversário da eleição do Papa Francisco, o papa que se apresentou como “vindo do fim do mundo”, e que é o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano da história a assumir a “cadeira de Pedro”.

Aos 86 anos, e com uma agenda preenchida, aquele que é considerado por muitos como “o único líder verdadeiramente global” da atualidade, está de regresso a Portugal, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude 2023, com passagem por Fátima, onde esteve no centenário das aparições da Cova da Iria, e canonizou os pastorinhos Francisco e Jacinta.

Já em 2021 Francisco tinha dado conta desta sua intenção ao então bispo de Leiria-Fátima, cardeal António Marto.

Durante as cerimónias de 13 de maio, o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, saudou a "voz profética" de Francisco, capaz de abater muros, de lançar pontes e de dar voz a quem não a tem e agradeceu ao Papa argentino por ter trazido consigo "dois santos, os dois pastorinhos Francisco e Jacinta".

António Marto considerou ainda Francisco uma voz "profética claramente audível" num panorama mundial "cheio de perigos e medos".

Durante a estadia em Portugal o Papa, eleito a 13 de março de 2013, reuniu-se com o primeiro-ministro, António Costa, que lhe expressou a vontade de Portugal colaborar na promoção dos valores da proteção dos mais frágeis, como o acolhimento aos refugiados, a promoção da paz nas instâncias internacionais e o desenvolvimento de África.

Numa segunda visita a Portugal, enquadrada pela Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, e com mais de um milhão de jovens de todo o mundo à sua espera muitos são os que esperam a beatificação da irmã lúcia de Jesus e uma palavra de conforto e de esperança para com as vitimas de abusos em Portugal.

Eleito em 2013, Jorge Mario Bergoglio tomou o nome de Francisco por influência do então arcebispo de São Paulo, hoje emérito, D. Claudio Hummes, que dele se aproximou e lhe pediu que “não me esquecesse dos pobres”, confidenciou à posteriori.

Já com 75 anos poucos vaticinaram a sua eleição, e menos ainda estariam capazes de imaginar o arco de atuação do atual Pontífice.

Os pobres, o clericalismo e o combate à indiferença

A sua primeira visita a Lampedusa, por causa da crise dos refugiados, deu o mote: “Uma Igreja hospital de campanha. Em saída. Dos pobres e para os pobres”. Ao longo do seu pontificado foi afirmando uma “cultura de descarte e indiferença” e apresentou a alternativa com a encíclica Fratelli Tutti (Todos irmãos).

Crítico do “clericalismo” e de “estruturas rígidas e empretecidas em si mesmas”, Francisco desafiou a Igreja a vários sínodos – o último ainda decorre agora acerca da Sinodalidade -  e projetou a Igreja para uma mudança clara na “salvaguarda da Casa Comum”, com a publicação da encíclica «Laudato Si’».

Internamente o Papa criou um inédito «Conselho de Cardeais», através do qual tem surgido diversas mudanças na governação do Vaticano e da Igreja.

Na educação lançou o «Pacto Educativo Global» e globalizou a iniciativa «Scholas Ocurrentes».

Na catequese, e no seu primeiro encontro internacional com os catequistas, o Papa desafiou os agentes a “serem catequistas e não a fazerem catequese”, e elevou, em 2021, o «ser catequista» à dignidade de ministério na Igreja Católica, com a publicação da Carta Apostólica sob Motu Proprio «Antiquum Ministerium».

No Ecumenismo e no diálogo Inter-religioso, destaque para a reaproximação com a Igreja Ortodoxa Russa, em 2016, da qual surgiu um acordo acerca dos cristãos perseguidos no mundo, e pelo sonho de celebrar a Páscoa no mesmo dia, em todas as igrejas cristãs. Presente nos Encontros de Assis, em Itália, Francisco voltou ao diálogo com o mundo islâmico, em 2019, do qual resultou uma declaração católico-islâmica e mais tarde, o «Dia Internacional da Fraternidade Humana», criado pela Organização das Nações Unidas.

No total Francisco realizou 427 audiências gerais, 552 orações do Ângelus ou Regina Coeli. Proferiu 790 homilias na Casa Santa Marta e publicou76 cartas apostólicas, das quais 56 sob forma de Motu Proprio, 39 constituições apostólicas e 40 viagens internacionais, chamando a atenção para a questão da dignidade comum dos seres humanos, alertando para o extermínio de minorias, ou exortando os cristãos a serem “fermente na massa”.

Imagem: Unsplash

Educris|13.03.2023



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