Vaticano: Francisco apresenta «três elementos espirituais» para uma «conversão ecológica»

Papa alerta para situação “insustentável” e apela a “uma conversão ecológica”, realizada “em comunidade”, e com a adoção de “estilos de vida sóbrios”

O Papa Francisco pediu hoje “uma “conversão ecológica”, que minore o impacto das “alterações climáticas” e permita uma vida em harmonia entre “os humanos e as criaturas”.

“O fenómeno das alterações climáticas converteu-se numa emergência e assumiu um lugar central, com implicações não apenas nas remodelação dos sistemas industriais e agrícolas, mas que condiciona negativamente a família humana em todo o mundo, sobretudo os pobres e os que vivem nas periferias económicas do mundo”.

Numa mensagem dirigida aos participantes da conferência «Resilience of People and Ecosystems under Climate Stress», que se realiza em Roma até amanhã, dia 14 de julho, o papa aponta “dois desafios” para os próximos anos.

“Temos diante de nós dois desafios: Diminuir os riscos climáticos, reduzindo as emissões, e preparar as pessoas para uma adaptação ao agravamento provocado pelas alterações climáticas”, assinalou.

Para Francisco é necessária uma “uma mudança de mentalidade” que deve ser acompanhada de “três elementos espirituais”.

“[Esta mudança] implica, primeiramente, gratuidade pelo dom amoroso e generoso da criação por parte de Deus. Em segundo lugar requer reconhecimento pelo facto de estarmos unidos numa comunhão universal, uns com os outros, e com as restantes criaturas do mundo.  Em terceiro lugar exige que se combatam os problemas ambientais não como indivíduos isolados, mas em solidariedade, como comunidade. Trata-se de pensar de maneira multidimensional para proteger tanto os indivíduos como o nosso planeta", desenvolveu.

Numa iniciativa promovida pela Academia Pontifica das Ciências, o Papa abordou, ainda, “o contributo particular da fé cristã” sobre a questão.

“O livro dos Génesis diz-nos que o Senhor viu que tudo era bom (cfr. GN1, 31), deu aos seres humanos a responsabilidade de ser custódios do mundo natural recordando-nos da preocupação de Deus por todas as suas criaturas (cfr. Mt 6, 26.28-29)”.

Para Francisco “o cuidado da casa comum” não é apenas um “compromisso utilitário”, mas deve ser encarado como “uma obrigação moral para todos os homens e mulheres enquanto filhos de Deus”.

Lembrando a urgência de “esforços consistentes, colaborativos, dos líderes religiosos, políticos, sociais e culturais a nível local, nacional e internacional”, Francisco reafirmou o “papel que as economias mais desenvolvidas podem desempenhar”.

“Penso, de modo particular, no papel que as economias mais desenvolvidas podem desempenhar na redução das emissões e na oferta de assistência financeira e tecnológica para que as chamadas áreas menos prosperas do mundo possam seguir o ser exemplo”.

Aos participantes o papa lembra a urgência “do acesso a energia limpa e a água potável” e o “apoio aos agricultores do mundo inteiro para transitar para uma agricultura resiliente ao clima”, e a “um compromisso em projetos sustentáveis de desenvolvimento de estilos de vida mais sóbrios destinados a preservar os recursos naturais do mundo e uma oferta educativa, e assistência médica, aos mais pobres e vulneráveis”.

No final da sua intervenção o papa lamentou “a perda da biodiversidade” e as “muitas guerras que se combatem em várias regiões do mundo com consequências nefastas para a sobrevivência humana”.

“Tudo está interligado”, evocou, dando conta da recente aprovação, por si dada, para que a Santa Sé aceda à Convenção das Nações Unidas sobre as alterações climáticas e o Acordo de Paris.

Imagem: Unsplash

Educris|13.07.2022



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