Homilia do Papa Francisco na «Ceia do Senhor»

Após a pandemia o Papa Francisco voltou a celebrar a eucaristia na «ceia do Senhor» com os prisioneiros de uma cadeia perto de Roma. Na sua homilia o Papa lembrou a importância do perdão e recordou que "Deus perda sempre, somos nós que nos cansamos de pedir perdão"

Leia, na íntegra e em português, a homilia do Santo Padre

Em todas as Quintas-Feiras Santas lemos esta passagem do Evangelho: é uma coisa simples. Jesus, com os seus amigos, janta com os seus discípulos, a ceia da Páscoa; Jesus que lava os pés dos seus discípulos -coisa estranha esta que ele fez: naquela época os escravos lavavam os pés na entrada da casa. Então, Jesus - com um gesto que toca também o coração - lava os pés do traidor, aquele que o vende. Assim é Jesus e ele ensina-nos isto de forma simples: também entre vós, deveis lavar os pés. É o símbolo: entre vós, deveis servir; um serve o outro, sem interesse. Como seria bom se fosse possível fazer isto todos os dias e para todas as pessoas: mas sempre há interesses, que funciona como uma serpente que entra.

E escandalizamo-nos quando dizemos: "Fui àquele cartório, e obrigaram-me a pagar uma taxa”. Isto dói, porque não é bom. E nós, muitas vezes, na vida procuramos o nosso interesse, como se estivéssemos a pagar uma taxa entre nós. Em vez disto, é importante fazer tudo sem interesse: um serve o outro, um é irmão do outro, um faz o outro crescer, um corrige o outro, e assim se faz andar para a frente as coisas. Servir! E então, o coração de Jesus, que ao traidor diz: "Amigo" e também o espera, até o fim: tudo perdoa. Gostaria de colocar isto hoje no coração de todos nós, até no meu: Deus perdoa tudo e Deus perdoa sempre! Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. E cada um de nós, talvez, tenha algo lá no coração, que carrega há algum tempo, que faz "ron-ron", algum esqueleto escondido no armário.

Mas, pedir perdão a Jesus: Ele perdoa tudo. Afirmando-lhe a nossa confiança e pedindo perdão. Podes fazê-lo quando estiveres só, quando estiveres com os outros companheiros, quando estiveres com o padre. Esta é uma bela oração para hoje: “Senhor, perdoa-me. Tentarei servir aos outros, como tu me serves com o Teu perdão”. Ele pagou assim, com o perdão. Este é o pensamento que eu gostaria de deixar para vós. Sirvam, ajudem-se mutuamente e tenham a certeza de que o Senhor perdoa. E perdoa quanto? Tudo! E até onde? Sempre. Ele não se cansa de perdoar: somos nós que nos cansamos de pedir perdão.

E agora, vou tentar fazer o mesmo gesto que Jesus fez: lavar os pés. Faço-o de coração porque nós, sacerdotes, devemos ser os primeiros a servir os outros, não a explorar os outros. O clericalismo às vezes leva-nos por esse caminho. Mas devemos servir. Este é um sinal, também um sinal de amor por estes irmãos e irmãs e por todos vós aqui; um sinal que significa: “Eu não julgo ninguém. Procuro atender a todos”. Há Um que julga, mas é um Juiz um pouco estranho, o Senhor: ele julga e perdoa. Continuemos esta cerimónia com o desejo de servir e perdoar a nós mesmos.

Tradução Educris a partir do original em italiano

14.04.2022



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades