Ucrânia: «Cruel, desumano e sacrilégio», afirma o Papa

No final da recitação da oração do Ângelus, hoje na praça de São Pedro, e perante milhares de fiéis, o Papa voltou a condenar as atrocidades que se estão a cometer na Ucrânia e apelou à paz

"Infelizmente, a agressão violenta contra a Ucrânia não cessa, um massacre insensato onde as atrocidades se repetem todos os dias. Não há justificação para isto! Peço a todos os atores da comunidade internacional que se comprometam realmente a pôr fim a esta guerra repugnante", começou por afirma o Papa Francisco visivelmente consternado.

Num rápido olhar para a guerra, que entra já na sua terceira semana, Francisco deu conta ds "misseis e bombas" que cairam "sobre civis, idosos, crianças e mães grávidas" e lembrou a sua recente visita a um hospital, em Roma, onde estão alguns dos feridos do conflito.

"Fui visitar as crianças feridas aqui em Roma. A uma falta um braço, outra tem uma ferida na cabeça... Crianças inocentes! Penso nos milhões de refugiados ucranianos que devem fugir, abandonando tudo, e sinto uma grande tristeza por aqueles que nem sequer têm a oportunidade de escapar. Tantos avós, doentes e pobres, separados das suas famílias, muitas crianças e pessoas frágeis são deixadas a morrer debaixo das bombas, sem poder receber ajuda e sem encontrar segurança nem sequer nos abrigos antiaéreos. Tudo isto é desumano!", denunciou.

Para o Papa a situação que se vive na Europa é, em si mesma "um sacrílego, porque vai contra a santidade da vida humana, especialmente contra a vida humana indefesa, que deve ser respeitada e protegida, não eliminada, e que vem antes de qualquer estratégia! Não esqueçamos: é cruel, desumano e sacrílego! Rezemos em silêncio por aqueles que sofrem", apelou.

Num momento de particular violência e onde se estão a utilizar misséis hipersónicos contra aquilo que são, aparentemente, alvos civís, Francisco agradeceu a "proximidade dos pastores que vivem o Evangelho da caridade e da fraternidade" no meio das bombas.

"Obrigado, caros irmãos e irmãs, por este testemunhe e pelo apoio concreto que corajosamente ofereceis a tantas pessoas desesperadas! Penso também no Núncio Apostólico recentemente nomeado, D. Visvaldas Kulbokas, que permanece em Kiev com os seus colaboradores desde o início da guerra e que, com a sua presença, me aproxima todos os dias do povo ucraniano mártir. Estejamos próximos deste povo, abracemo-lo com afeto, com empenho concreto e com a oração. E, por favor, não nos habituemos à guerra e à violência!".

Francisco apelou a um acolhimento com "com generosidade", não apenas "agora, na emergência, mas também nas semanas e meses vindouros" de modo a assegurar que os 'abrutes da sociedade' não pairem sobre "estas mulheres e crianças".

No final da sua intervenção o Papa voltou a convidar todas as comunidades e fiéis a que se juntem a ele no próximo dia 25 de março, para um "ato de consagração da humanidade, especialmente da Rússia e da Ucrânia, ao Coração Imaculado de Maria, para que Ela, Rainha da Paz, obtenha a paz para o mundo!".

Educris|20.03.2022

 



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