Lisboa: Faleceu Maria Luísa Paiva Boléo, uma «vida entregue à catequese»

Figura marcante da catequese em Portugal foi formadora e criadora de materiais para a catequese, partiu hoje aos 82 anos

Falar de catequese em Portugal é falar de Maria Luísa Paiva Boléo. Nascida em plena II Guerra Mundial, corria o ano de 1941, Maria cedo se colocou ao serviço da catequese como afirmou, em 2012, ao EDUCRIS.

“A minha mãe é que nos deu catequese, em casa. Ela morreu quando eu tinha 14 anos e pediu-me para me encarregar da educação cristã da minha irmã mais nova. Recordo-me que pouco depois da morte da minha mãe, peguei no livro que ela utilizava e comecei a fazer o que é um despertar religioso com a minha irmã”, afirmou na ocasião em Fátima, após uma homenagem do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).

Ainda na década de 50 do século passado, e com pouco mais de 18 anos, fez formação com os “professores do curso de catequese” que eram formadores do Seminário dos Olivais.

A partir daí começou a colaborar com o Sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa numa altura de grande revitalização da catequese, das metodologias e seus materiais.

“É grande a nossa gratidão pela fidelidade do seu testemunho, pela sabedoria do seu ensinamento e pela sua paixão pela catequese”, explica hoje o padre Tiago Neto, diretor deste Sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa.

Em comunicado, enviado esta manhã ao EDUCRIS, o responsável diocesano afirma ter a certeza de que hoje “milhares de catequistas poderiam contar o que significou a presença assídua da Maria Luísa na vida da catequese diocesana e o modo com o seu testemunho pessoal de vida os impactou”.

O sacerdote recorda que “um dos aspetos que sempre me impressionou na Maria Luísa foi o facto de associar à formação da fé a sua experiência pessoal” e lembra “as muitas lutas que travou” com destaque para “estatuto da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, a dignificação da mulher na sociedade e da defesa dos direitos das crianças”.

“A catequese – a paixão por ser eco do Evangelho – foi o centro aglutinador das suas opões familiares e profissionais”, completa.

Uma inspiração para todos os catequistas

Também a irmã Arminda Faustino, coordenadora do Departamento de Catequese no Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), recorda o carisma de uma catequista que é “uma inspiração para todos os catequistas”.

“Toda a paixão que colocava na catequese partira deste eco que vemos no Apóstolo Paulo. O ardor missionário, o ‘aí de mim se não evangelizar’ estavam de facto presentes na Maria Luísa”, aponta.

Recordando que “sempre ouvi falar da Maria Luísa”, desde que entrou na sua família religiosa, a irmã Arminda Faustino recorda esta figura da catequese portuguesa como “uma catequista no sentido pleno do termo”.

“Desde a colaboração que manteve sempre com o Centro catequético de Fátima, no SNEC e na Catequese de Lisboa, a Maria Luísa é uma ‘buscadora’ no sentido de procurar o Senhor, ajudar outros a percorrer o caminho até Jesus”, afirma.

No dia em que a Igreja recorda a vida e obra de Santa Catarina de Sena, a responsável agradeceu “a bênção da sua vida para tantos milhares de catequistas” e “a obra impressionante que nos deixa sempre apontando para o centro que é Jesus”.

“Bendizemos o Senhor pelo bem que aconteceu a através da sua vida tecida na vida de tantos irmãos e irmãs pelo país todo”, completa.

Celebrações exequiais em Caneças

Ao início desta tarde o Sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa informou que as celebrações exequiais decorrem na igreja paroquial de Caneças, a partir de amanhã, dia 30 de abril, pelas 17h00.

Após a Eucaristia, às 19h00, vai realizar-se, pelas 21h30, uma vigília de oração, «Ser catequista: uma paixão».

A 1 de maio as celebrações decorrem na igreja paroquial de Casal de Cambra, a partir das 11h30. A eucaristia das exéquias acontece pelas 15h00 com a celebração a ser presidida por D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa, seguindo o funeral para o Cemitério de Caneças.

Educris|29.04.2024



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